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Publicada em 1920 e até hoje inédita em português, Água escura é a mais singular das obras do sociólogo, escritor e ativista estadunidense W. E. B. Du Bois. Nela, ele desconstrói a noção eurocêntrica e racializada dos seres humanos, promovendo uma ideia de humanidade radical que mais tarde o levaria a ser considerado o pai do pan-africanismo. Para abordar as diversas dimensões da segregação racial dos povos negros, o livro intercala ensaios, narrativas breves e poemas, apresentando uma estética modernista de vanguarda, como explica o professor e pesquisador Matheus Gato em texto de posfácio à edição. O estilo simbolista e altamente poético de Água escura se conecta, assim, aos conceitos mais célebres de Du Bois, como a “linha de cor”, o “décimo talentoso”, o “véu” do subtítulo — que é a divisão que separa as pessoas negras do restante do mundo —, ou até mesmo a “dupla consciência” gerada pelo racismo nos indivíduos negros.
Solenes e até proféticos, os textos da coletânea tratam de assuntos históricos como as leis estadunidenses Jim Crow ou a emancipação feminina pelo voto, mas também de agendas que, infelizmente, até hoje seguem prementes. É o caso das disparidades entre trabalhadores brancos e negros, das condições dos trabalhadores domésticos, das mulheres negras e da evasão escolar entre as populações racializadas. O escritor mostra como a opressão e a exploração capitalista do chamado “mundo de cor” criam obstáculos para a realização de uma democracia plena nas esferas da economia, da política e da cultura. E o faz costurando tudo com o fio da religiosidade, com pano de fundo cristão e a exaltação do papel social das igrejas nas comunidades afrodiaspóricas.
Tão à frente de seu tempo, Água escura não poderia deixar de apresentar algumas contradições aos olhos da crítica, tornando a obra ainda mais pormenorizada e complexa. Tamanha magnitude artística e teórica faz dela um trabalho fundamental, peça-chave para apreciar a grandiosidade de W. E. B. Du Bois.
