Assim, pela primeira vez na História, a solidariedade entre o funcionamento social e o da família fraturou-se: a família, agora, protege os filhos da sociedade! Com o que aparece outra novidade: por não estar mais naturalmente forçada ao trabalho que a leva a renunciar a seu todo-poder infantil e a se separar de seus primeiros outros, a criança vê-se como que convidada a recusar esse trabalho. Deve ser o que já queria indicar, de maneira premonitória, Lacan, ao fim de um congresso sobre as psicoses da criança em 1968, quando evocava a época futura como a da criança generalizada. Em outras palavras, uma época em que permanecer criança nada teria de repreensível, seria até, ao contrário, implicitamente favorecido.
É por essa incidência sobre a educação que as mudanças induzidas pela evolução de nossas sociedades avançadas podem determinar modificações nas subjetividades. Entretanto, apoiando-nos no que Freud e Lacan nos ensinaram, podemos afirmar que a condição de ser falante sempre supõe ter consentido na perda. Uma primeira vez, por lá ter estado como convidado por seus primeiros outros – de hábito, os pais – logo, como que forçado do exterior. Uma segunda vez, por ter tido que interiorizá-la.
Informações sobre o Livro
Título do livro : A Perversao Comum – Viver Juntos Sem Outro
Autor : LEBRUN, JEAN-PIERRE
Idioma : Português
Editora do livro : CIA DE FREUD
Edição do livro : 1
Capa do livro : Mole
Ano de publicação : 2008
Quantidade de páginas : 355
Altura : 23 cm
Largura : 16 cm
Peso : 547 g
Material da capa do livro : Encadernado
Gênero do livro : Filosofia e psicologia
Tipo de narração : Manual
Tamanho do livro : 16 X 23
Data de publicação : 28-10-2008